domingo, 13 de fevereiro de 2011

Entrevista: Karla da Silva



Para conferir a matéria sobre Karla da Silva CLIQUE AQUI.

*Karla me conte como foi a emoção de fazer o show no dia 25 de janeiro na Multifoco.

Foi bom demais rever os amigos, fazer novos amigos e perceber o quanto as pessoas respeitam e acreditam nesse trabalho, estão ali com carinho.
A platéia tava se curtindo, acho que esse show foi um reencontro da tribo também! (risos) E ao mesmo tempo uma celebração, um festejo feito com carinho pros que estavm vindo pela primeira vez e serão sempre bem vindos!
A casa teve lotação esgotada, isso foi chato, e infelizmente alguns amigos não conseguiram entrar...mas breve teremos mais festejos!

*Você compõe também?

Me aventuro um pouco, estou tentando escrever uma letra na canção de uma amiga no momento, mas tenho muito medo dessa palavra compositora, ela tem um peso, sabe? E respeito muito os compositores, a composição pra mim é sagrada, é uma conversa com o divino que há em nós e o divino Universo...eu escrevo muito, desde meus 12 anos, talvez um dia algumas coisas que tenho desde essa época possa viram música...quem sabe?

*Além de cantora você é atriz, quais são seus ideais com relação as duas artes?

Se eu pudesse pintar um quadro no palco eu pintaria! (risos)
Palco é liberdade de criar, atuar, de ser, de cantar, tudo isso se mistura com aquilo de melhor que você deseja passar pras pessoas, meu maior ideal é que essas duas artes sempre caminhem junto de mim, me ajudando a ser uma artista e um ser humano melhor, todo dia!

*Você tem uma interação com o público do show muito grande, canta e toca o que emociona, contagia com a voz, com os sorrisos, com a dança. É dançarina também? Conte mais sobre sua ligação com a dança, a mãe do teatro.

Eu fui praticamente criada dentro de uma quadra de Escola de Samba. Meus pais eram diretores de harmonia na Caprichosos de Pilares, eu era obrigada a ir pros ensaios pra não ficar em casa sozinha. Chegava lá via aquelas passistas lindas sambando e queria ser passista, daí minha mãe me ensinou a sambar. Em casa via minha mãe dançar o Ijexá, o Afoxé, o Ilu, entre outras danças características dos Orixás e ficávamos (ainda ficamos até hoje) as duas na sala dançando. Minha mãe fica na cozinha e eu na sala dançando, cantando, sambando...de vez em quando ela se junta e a gente dança junto....sempre foi assim, sempre vai ser e acho que quando estou no palco é a mesma coisa, os ritmos vão me envolvendo, e eu me jogo! (risos)

*Com relação ao teatro, está ou estará em cartaz?

Eu participei do maravilhoso elenco da peça "UNE Canta Brasil - 50 anos esta noite" na 7ª Bienal da UNE e foi muito bacana, também fiz um curta com o pessoal do Cinema Nosso chamado " A Terapia" esse ano...estou aberta pra essas possibbilidades de atuar, gosto muito e sei o quanto preciso aprender com o teatro, tanto para o palco como para minha vida.

*Dê seu recado para os leitores e fãs.

Espero que possamos nos esbarrar muito por aí esse ano nos shows do Festejo e Fé!

"Disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem." (Renato Russo)

Karla, muito obrigado por conceder a entrevista ao "Conteúdo Cultural", convido a todos para ir ao show porque realmente é uma emoção incrível e a expressão de cultura viva. Cleyton Brayt

Saiba mais sobre o Show "Festejo e Fé" CLICANDO AQUI.

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA: Ricardo A. Vassílievitch


Entrevista com Ricardo A. Vassílievicth, professor e fundador do Nossa Senhora do Teatro:


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1. Ricardo, o que mais te encantou em Fernanda Montenegro?


Fernanda Montenegro é conhecida como a grande dama do teatro brasileiro, título este o qual não aceita, até porque existem outras damas incríveis como Cacilda Becker, sua irmã Cleyde Yáconis, Ariclê Perez, Dulcina de Morais, não se espante quando falo de nomes que aparentemente não estão entre nós, essa nova geração não os conhecem e, também não tem interesse pela história do teatro, o que é de se lamentar. Mas saibam todos que um artista nunca morre, ele se eterniza pelas obras que deixa e por suas atitudes. Fernanda eu não conheci bem, digo isto porque conheci Arlette Pinheiro, já que quando aluno Fernanda estava completamente despojada da personagem que a reveste e, que a indústria televisiva, cinematográfica e teatral-corporativa exige dela. Em nossa Oficina de teatro, a que ela ministrou para nós em 2002, não havia nada disso, era uma amiga, uma colega de trabalho, uma mãe, uma avó ensinando seus filhos sem qualquer limite imposto por ela, éramos literalmente iguais. Lembro-me exatamente quando um dia ela disse:


"Gente, eu não sei tudo, sou de uma geração literária, li muito e hoje leio menos. Mas quem desejar saber tudo vai enlouquecer, vamos devagar, sem pressa!”(Setembro de 2002 Fernanda Montenegro).

Fernanda moveu meus pensamentos, fez com que eu revisasse meus ideais e então minha vida se dividiu em A.F e D.F e, tudo foi diferente a partir dos idos anos de 2002. Mas a sua simplicidade, humildade, o não estrelismo e o fato de equiparar a sua profissão como a de uma simples operária, isso foi para mim como uma fenda aberta no meu coração. Fernanda é uma mulher espiritualizada, isso fez com que nós nos aproximássemos. Fernanda não retém conhecimento e fala de quase um tudo através de sua sabedoria, sei de muitas coisas que aprendi com ela, coisas que posso dividir e outros mistérios que transcendo e morrerão comigo, pois houve ali um pacto de fidelidade.


2. Gostaria que você falasse um pouco sobre o encanto da Imersão Teatral.


A Imersão Teatral é um projeto meu, um desdobramento de toda a minha formação em teatro, arte-educação e espiritualidade, creio que é um treinamento intensivo onde juntos aprendemos e trocamos saberes diversos daquilo que cremos ser o teatro na sua universalidade, ali aprendemos que o ator não tem cara, quem tem cara é 'estrela', que não é o nosso caso! A Imersão foi uma das maiores descobertas pedagógicas da minha vida, ela acontece todos os anos, às vezes uma, às vezes duas vezes, depende muito dos feriados, pois sempre acontecem em feriados. Ali não só se vivifica o teatro, mas passamos a respeitá-lo como fonte de ensinamento também para a transformação humana, porque temos que trabalhar em grupo, temos que nos esforçar para nos respeitarmos. Temos que nos amar com as nossas diferenças e vontades. A criação é livre, sofre orientações, mas o que é mais valoroso é a criação no coletivo de acordo com os eixos de cada teatrólogo, filósofo ou teórico a ser estudado naquele ano. Quando voltamos instaura-se a DPI (Depressão Pós Imersão), porque lá ficamos isolados do mundo de certa maneira, não há TV, não há rádio, poucos telefones e a linguagem é uma só amor e teatro. Além de toda a construção teatral, forma-se ali uma grande família artística.


3. Estão com nova sede, novas realizações devem vir, conte-nos quais são os principais projetos para este ano de 2011.

Estamos envolvidos em intensas reuniões pedagógicas, organizando o espaço, nos acostumando com ele, pois tínhamos apenas uma saleta e agora temos um mundo, e a responsabilidade aumentou. Mas podemos dizer que a grade de Oficinas vai aumentar, teremos novas oficinas como: O ator compositor, Teatro-terapia, Teatro para a Infância e adolescência, Teatro básico para iniciantes, Teatro para Espaço alternativo e Oficinas rápidas. O número de vagas para o curso com fins profissionalizantes, o curso mais avançado aumentou para quase 300 vagas por ano. Também haverá outras oficinas como desenho, música e hip-hop. Isso sem falar nos espetáculos que irão estrear, já temos confirmado os espetáculos da Companhia: “Santa Navalhada”, a história de uma travesti do Rio de Janeiro, dos anos de 1990, moradora da Lapa, uma história intrigante onde se discute o amor e o preconceito protagonizada pelo ator Jefter Paulo e também “Casa de Misericórdia” que aborda temática sobre a prostituição na Bahia, a saga de uma família que passa de geração a geração a direção de um prostíbulo.


4. Dê uma dica para os jovens atores que se integram ao teatro hoje em dia.


Quem me conhece sabe o quanto eu sou exigente e severo, e não abro mão de que se entenda que o teatro é coisa séria, e não veículo para alpinismo social, que é árduo, é uma arte primitiva que começou no inconsciente do homem e, por isso é intrínseco. Mantenho a amabilidade como dizia Che Guevara:


"Endurecer sim, mas jamais perder a delicadeza"


Enfim o teatro é para poucos, o que é lamentável, digo isto como profissão, porque é uma carreira muito dura e cheia de problemas, porém, afirmo categoricamente que o teatro pode transformar almas indóceis e vazias, dar-lhes mais cultura, lhes ampliar novos horizontes e lhes dar a Luz que lhes falta (digo: conhecimento), todos deveriam fazer teatro ao menos para conhecê-lo. Mas há aqueles que desejam abraçá-lo como profissão, isso é outra coisa, então eu só posso reprisar a frase que Fernanda Montenegro me disse:


"Coragem, coragem, você vai precisar!"

5. Você como um homem inteligente que é, passa aos seus alunos convicções e força no fazer teatral, aprendizado com Fernanda Montenegro e Sérgio Britto?


Sim, você tem razão, Voltaire, o filósofo francês dizia:


“Devemos prestar mais atenção nas perguntas que nos fazem do que nas respostas.”


E foi exatamente isso que fiz na convivência que tive com Fernanda em 7 dias de Oficina de teatro e faço até os dias de hoje, isso se dá também com a convivência que tenho com o ator e amigo Sérgio Britto. Há aí um relacionamento de aprendizado de troca. As perguntas segundo Sócrates, faz com que possamos extrair de nós mesmos as respostas, que no fundo temos. Foi assim. Sempre fui um homem muito convicto e ávido por conhecimento, mas também muito seleto, tenho a certeza de que Deus me premiou em poder conviver e aprender com estes célebres artistas de nosso país, pois nada foi arranjado, tudo conquistado com muito suor e lágrimas. Reiterei nos meus aprendizados, pois já tinha formação acadêmica e outros estudos relacionados ao teatro bem antes de conhecer Fernanda e Sérgio, aprendi então de uma vez por todas de que é possível fazer teatro, com qualidade, se ter público, e não se depender de patrocínio, ficar com o pires na mão, é preciso usar a massa cinzenta e ter projetos inteligentes, de interesse público e saber bem qual é o lugar que você ocupa na sociedade. Você pode fazer muito bem o teatro OFF* ou fazer pessimamente o teatro-corporativo**, o que não é difícil de ser ver por aí, aliás ao meu ver o teatro OFF* anda dando um banho no corporativo** que não tem mais como se reinventar.


6. Ricardo, o que o ator precisa preservar como ferramenta mais importante para exercer seu trabalho?


Existem algumas correntes que defendem a praticidade, outras correntes defendem a intuição, que eu afirmo, esta falha e muito. Estou certo de que o verdadeiro ator, pode e deve se utilizar de muitas ferramentas, isto acontece com o ator já preparado e estradado, pois o teatro já corre no seu sangue, é como o estímulo que o cérebro manda para o corpo e ele responde: "olha agora você vai desse jeito, agora você vai de outro jeito", é uma corrente como a da eletricidade, mas tenho que afirmar que isso não se dá com todos, são estes atores raros. Então para ajudar aos atores e principalmente aos mais jovens, digo que o verdadeiro ator não pode abrir mão de duas ferramentas importantíssimas sem as quais ele não caminha, falo de material de trabalho mesmo, deixando os aspectos morais para cada um analisar, são eles: o coração e o intelecto. Se formos desmembrar tudo isso fica mais ou menos assim: O coração é a fonte das emoções que passa pelo intelecto que é o conhecimento e tudo deságua no sangue provocando a ferve de cada um através das experiências da vida. Um ator deve negar a si próprio, papéis que por falta de experiências de vida e de capacidade intelectual não terá condições de fazer, pois o ator precisa destas experiências, não basta colar vendo filmes ou copiar outros modelos, isso fica tudo muito falso, confuso e incipiente. São raros os atores que partem do ponto zero e que assumem suas debilidades e vão degrau a degrau nas suas conquistas. Há um frenesí pelo fazer isso ou aquilo, e não é assim, é quase um cálculo matemático. Fico apreensivo quando atores tentam se revestir de certos papéis e não acertam, há ai uma responsabilidade também dele. E não vamos falar do teatro e do mundo corporativo** porque não é a minha! O que posso afirmar é que as experiências são vitais, e quando aboli a prática é porque esta vem ancorada pelo enredo de sua vida, se for uma vida de teatro, já o coração é a resposta hábil propulsora das diversas emoções, a sensibilidade. Uma pessoa insensível jamais será um ator!


7. Assisti a um vídeo, no qual os professores do Nossa Senhora falam sobre o Teatro Minimalista, você cita também o Teatro Pobre de Grotowski. Quais os principais teatrólogos e 'estilos' teatrais que você utiliza como ferramenta de ensino?


Esta pergunta é extremamente delicada porque nosso trabalho vem se solidificando no conjunto da obra, sou artista há muitos anos e comecei a fazer teatro aos 05 com um professor francês Marccus Mirrelli, ele era muito inteligente e trabalhava muito bem com mímica, na época eu tinha muito medo, mas fui observando e confiante prossegui com este professor, mas eu era uma criança de 05 anos. Fazia teatro em casa em cima da mesa com caixas de sapatos e desenhava bonecos de papelão, a caixa de sapatos era o palco, deixava os bonecos em cima da caixa, apagava a luz da sala e corria para a cozinha com um espelho redondo e focava nos bonecos anunciando a peça, isso a meia noite sempre em dias de sexta-feira, o meu público era sempre a minha mãe. Eu através do instinto artístico já brincava com o sonho, quando mais tarde aos 25 anos estudei sobre Tadeusz Kantor, o teatrólogo e artista plástico polonês, e vi que ele também começou como eu, quase surtei, eu me achava até então o único louco da face da Terra. Tadeusz Kantor não quis saber sobre o que os outros teatrólogos fazia, negava Shakespeare, e outros que a ele não dizia nada, ele partiu do ponto zero, descobriu seu teatro no nada, e é simplesmente um dos melhores do mundo. Alguns pesquisadores encontram alguns eixos muito parecidos nas sua filosofia com Antonin Artaud, que para mim é imprescindível que se estude. Antonin Artaud, não desassocia a vida da vida, o teatro é vida e não uma coisa diferente da outra! Tudo é vida! Tudo é Teatro! Já Grotowski viajou por vários países, como Peru, Japão, índia entre outros e constatou de fato que o teatro começou bem antes da famosa Grécia, lá apenas tudo se sedimentou. Aí os pesquisadores e teóricos empolados dizem: "Mas eles não tinham consciência, não vale!” Eu prefiro não comentar sobre a consciência humana, acho que não temos tempo para isso aqui. Mas sei que nas cavernas quando um pai, desenhava para seus filhos aquelas gravuras rupestres e ensaiava fazendo a mímica do perigo era um despertar para a encenação. Quando os ritos aconteciam nas aldeias de todo o mundo a milhões de anos através da dança, esta para quem não sabe é a Mãe do teatro, já era teatro, sua mãe dando-lhe luz. Tanto isso é verdade que hoje temos grupos brasileiros no exterior trabalhando o teatro primitivo e utilizando também as linguagens brasileiras como a dança do boi Bumbá, do boi pintadinho, da umbanda fazendo o maior sucesso e com ingressos esgotados para todas as noites. Grotowski valoriza o ator como cerne da cena e não os adereços, a indumentária, os cenários gigantescos e tão preocupantes num mundo ocidental que acaba colocando o ator muitas das vezes como o menos importante. Há uma infinidade de teatrólogos que devemos estudar eu já citei alguns deles, mas não posso me furtar em dizer que Ariane Mnouchkine, Jaqcues Copeau e Evreinov nos falam muito alto. Quanto ao estilo eu acho isso muito confuso e o concebo como uma prisão, acho que o artista, o ator sente vontade de fazer coisas durante um tempo e depois ele pode desejar trocar de roupa como alguns animais e ser feliz, não gosto de rótulos, acho que estilos são rótulos. Eu faço teatro de arte, é o que posso dizer, faço no artesanal mesmo, na essência. O artista deveria ser livre para voar e não ficar preso num poleiro com goma de chiclé.


8. Todo aquele que desejar fazer teatro perderá dinheiro e, todo aquele que desejar fazer negócio ganhará dinheiro. Eu faço Teatro!" Cacilda Becker. Sempre me indago quanto ao Teatro Empresarial. O que acha sobre esse teatro somente para entretenimento e, que utiliza o marketing para se conseguir dinheiro e não arte?


Outra pergunta que devemos ter muito cuidado em analisá-la, é quase como uma crítica e auto-critica. Escolho bem os espetáculos ou peças que vou assistir, jamais vou ver algum trabalho pelo nome de alguém, até porque sabemos todos em silêncio que isso não quer dizer absolutamente nada, na Alemanha por exemplo hoje , o país tem 576 companhias patrocinadas e há público para todo o tipo de gente, há arte ali, pois há pesquisas e isso não é comum no Brasil, até porque aqui não se investe no processo de grupo, de companhias, só se compra o que tá pronto, humilhado e sofrido e vamos com o pires na mão pedindo, o não a gente já tem, se encontrarmos algum ser humano e sensível a causa e ao que vê como produto de qualidade aí sim poderemos relaxar um pouco para respirar, caso ao contrário não. É luta! É grito! É inteligência! É resistência ao ². Cacilda é uma dama do teatro brasileiro (espero que os leitores compreendam o porque no presente). Ela fazia por amor, o que vinha já era lucro, dona de e uma voz quase nula, mas de uma gentileza sem par, foi ganhando todo mundo e o público, era uma mulher simples e até certo tempo, temerosa, veio das favelas de São Paulo, só tinha uma alpargatas, você entende? E hoje um aluninho candidato a ator se acha o tal! A nossa resposta claro será sempre o silêncio e deixe que o tempo dê cabo dele. Sua irmã Cleyde Yáconis está ai aos 90 anos, praticamente, e é um monstro do teatro brasileiro, começou como ajudante de camarim e se descobriu, na falta de uma atriz, ela sabia tudo, de tanto ver todas as noites aprendeu e deu o 'start' que faltava para começar. São histórias lindas que jamais se repetirão. E há histórias lindas no Teatro OFF* . Não foi fácil, pois a ditadura imperava e ninguém queria ser preso, público ou o próprio artista, mas houve ali resistência e é o que há para muitos ainda nos dias de hoje. O Brasil é um país ingrato para com seus filhos, tanta dor e luta e tão pouco e vergonhoso investimento em atores de teatro. As empresas privadas e até algumas estatais investem não em atores, mas sim em estrelas, ai vem o teatro-corporativo**, o toma lá da cá. Na França há três órgãos de cultura e cada um investe um pouco, cabendo a cada um uma parcela de aporte financeiro e não fica longe da Alemanha, a França abraça os seus filhos e o pão lá é bem repartido, assim todos buscam juntos também uma auto-suficiência, mas com o apoio de diagnósticos de equipes altamente preparadas. Lá os artistas querem fazer teatro, e não alpinismo para tornar-se “celebridades”. No Brasil, especificamente falando de Rio de Janeiro, as pessoas não sabem o que é teatro, elas conhecem a televisão, que é uma forma eletrônica de se teatralizar, mas que é uma outra linguagem e querem fazer isso no palco. Não assisto besteiróis, não assisto certos musicais, os importados, sou muito seleto, mas não estou me colocando na condição de dizer aquilo que é bom ou ruim, é apenas uma opção minha e também da companhia, estes trabalhos não nos dizem nada, nos esforçarmos para respeitar se essa for a melhor palavra a opção do outro mesmo que seja ruim. Mas acho muito cômodo e injusto alguém, os mesmos ganharem rios de dinheiro, cobrarem ingressos com valores abusivos e ainda apresentarem algo que não representa nada para o país. E aí se você voltar na época de Vianinha, Antunes Filho, José Celso que naquela época era mais lúcido, eles faziam coisas incríveis, na dor, no suor e na lágrima. Podemos até mesmo citar o Teatro dos 7 com a digníssima atriz Fernanda Montenegro, Sérgio Britto, Fernando Torres que mesmo tendo pertencido a um teatro colonizado como o TBC por Franco Zampari faziam coisas muito interessantes e já no teatro dos 7 se empenhavam para pagar do bolsos suas produções, de fato não havia patrocínio. E hoje as estrelas se tem patrocínio fazem, se não tem , enterram-se!


Estamos no Século 21 e as coisas precisam mudar, há uma cultura enfadonha, há muita desigualdade, há falta das oportunidades iguais. Ninguém cresce sem apoio, sem divulgação. É preciso cada vez mais buscar-se o aprimoramento intelectual e presentacional dos produtos culturais quando se fala de teatro brasileiro, pois há uma concorrência muitas das vezes política partidária e desleal.


O teatro cumpre várias funções e uma delas também é a do entretenimento, mas não só isso. Há muito mais aí:


“Usar o veículo do teatro para entreter e acima de tudo informar e formar novos cidadãos, não é questão apenas estratégica, é porque de fato o teatro brasileiro deve exercer esta função: a de também educar, socializar, humanizar, registrando sua história e ser um acalentador de almas” (Ricardo Andrade Vassillievitch)


*Teatro Off - O teatro desconhecido para a população em geral.

**Teatro - corporativo - O teatro empresarial.


Definições de Ricardo A. Vassílievitch


Estou muito agradecido pela entrevista, ter em meu blog um conteúdo tão importante nos dias de hoje pra mim é de imensurável felicidade e sede de conhecimento eterno. Espero que os leitores possam compreender a verdadeira essência do teatro, a verdade escrita nessas palavras. Cleyton Brayt

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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sobre a Cia 2 de Teatro

Release da cia 2 de Teatro fornecido pela assessoria do espetáculo FACÍNORA

A Cia. 2 de Teatro teve sua estréia oficial em 1994 na cidade do Rio de Janeiro, conduzida pelos atores mineiros Gustavo Rizzotti e Frederico Magella. Os trabalhos da companhia se caracterizam pela utilização da dramaturgia misturada às artes plásticas, música, dança contemporânea e teatro de animação. Participou de nomeados Festivais Nacionais e Internacionais e obteve grande êxito em países como: Argentina, Chile, Peru, México, Equador, Bulgária, Tunísia e Rússia.

Ao longo dos 17 anos de existência do grupo, com estréias em palcos nacionais e internacionais. "ALIVE EM 15 MINUTOS" estreou no Porão da Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro."O DEFUNTO" estreou no IV Festival Carioca de Novos Talentos da Rio Arte e participou do IV Festival Nacional da Veiga de Almeida: onde recebeu os prêmios de iluminação e cenário; e indicações de ator, figurinos e espetáculo. Fez temporada no Teatro Glória no Rio de Janeiro e no Teatro Marília em Belo Horizonte.

Atualmente atuam na companhia Frederico Magella (ator, divulgador e produtor), Gustavo Rizzotti (ator, diretor,dramaturgo, iluminador, cenógrafo e figurinista) e Bruno Caldeira (ator, dramaturgo, cenógrafo e figurinista). Já passaram pela companhia Simone Klein e Anne Westphal (Que bicho é esse?), Luciano Mallmann e Alberto Matti (Zigg, Zogg, a Mosca e os Jornais), Carolina Stofella e Marcela Moura (Réquiem para um sonho) e Jaqueline Mello (Alive em 15 minutos).


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domingo, 30 de janeiro de 2011

ENTREVISTA: Mônica Bezerra



Entrevista com a Cantora Mônica Bezerra:

Cleyton: Mônica, começo com a pergunta: "Por que música?"

Mônica: Por que descobri que eu tinha talento para esta arte, então resolvi desenvolve-lo a cada dia da minha vida. Na infância também notei aptidão para as artes visuais, mas esta era beeem menor que para a música. Além disso, a música sempre me emocionou. Quando eu era pequena, escutava “Yesterday”, “Hey Jude” dos Beatles e chorava muito. Me debulhava em lágrimas com outras canções infantis também.

Cleyton: Você tem sua individualidade musical, poderia me dizer como a formou e, em quais artistas (principais) você se inspirou nessa criação?

Mônica: Comecei a cantar há pouco mais de 12 anos, quando ouvia Marisa Monte (a mais notável das minhas influências), sempre gostei de algumas cantoras brasileiras como Elis Regina, Rita Lee, Daniela Mercury, Paula Toller, Baby Consuelo, Fernanda Takai (Pato Fu). Além de gostar muito de MPB (Milton Nascimento, o pessoal da Tropicália - Caetano, Gil, Gal e Bethania, e muitos outros), bossa nova (Tom Jobim – foi “O” cara), sou amante do rock. Na minha adolescência ouvi muito Aerosmith, No Doubt, Silverchair, Red Hot Chilli Peppers e muitas outras bandas... Curto muito o rock brasileiro: Legião Urbana, Paralamas,Titãs (Nando Reis, Arnaldo Antunes), Pato Fu (minha maior paixão na adolescência), Kid Abelha... Quando comecei a tocar violão e a compor busquei mais referências do rock no Brasil, encontrei Secos e Molhados, Mutantes (me apaixonei). Alanis Morissete, Beatles (meu amorzinho musical: Paul McCartney – A Rita Lee e a Fernanda Takai tbm são fãs dele) também são influencias fortes na minha vida. As mais recentes: Lenine (MPB) e KT Tunstall (Folk). Devo ter esquecido de algumas.

Cleyton: Se pudesse me indicar alguém da atualidade que você considera ser um bom cantor, qual seria?

Mônica: No pop gosto do trabalho vocal da Katy Perry, do Mika também. No Brasil indico Roberta Campos, cantora e compositora mineira. Tem muita pureza e qualidade o trabalho dela. Também gosto da Vanessa da Mata, tem um timbre agudo super agradável e bem trabalhado tecnicamente.

Cleyton: Muitos artistas já alcançaram ascenção através da internet, uns estão tentando, o que você jamais faria pra alcançar essa ascenção?

Mônica: Não sei o que jamais faria na internet, mas jamais iria no Ídolos.

Cleyton: Você disse que acha 'chato' ter que enfrentar fila e na hora 'H' ficar nervosa, caso se inscrevesse ao programa 'Ídolos' e que quer ser conhecida por sua arte aos poucos, esse foi o motivo de cantar na TwitCam?

Mônica: Um dos motivos foi esse. Já não sou uma menininha pra enfrentar chuva, frio, para ficar numa fila imensa sem ter nenhuma garantia. Cantar é meu trabalho (ganho meu dinheiro cantando). Ficar no sereno de madrugada estraga meu instrumento de trabalho (voz). Canto profissionalmente há mais de sete anos. A twitCam é uma ferramenta maravilhosa para aumentar o público, para comunicar fazendo o que eu sei, q é tocar e cantar, SEM SAIR DE CASA!!. São centenas de internautas me avaliando, me ouvindo, me julgando, me indicando. Isso é sensacional. Amo fazer twitcam!

Cleyton: Trivolve, esse é o nome de sua banda, por que a participação nela? O que tem diferente no seu trabalho solo do seu trabalho na banda?

Mônica: A Trivolve foi formada em 2005, participo dela por que amo tocar com esses meus amigos, a Trivolve não é um elo apenas musical, e também pessoal, de muita amizade e história. A diferença é que no trabalho solo a ênfase sou eu, uma cantora, compositora, a imagem de uma mulher que pensa, canta, toca, fala, enfim, uma pessoa... Talvez tenha a cara de MPB, pop, rock (uma mistura de todas minhas influências). E na banda, são quatro pensantes, com a presença maior do rock.

Cleyton: Sei que você compõe, quais os temas de suas composições?

Mônica: Minhas composições são extensões de minhas vivências. Falam sobre emoções, autoconhecimento, amor, paixão, reflexões, amizade, pensamentos, erros, acertos, comportamento humano e filosofia sem ser careta.

Cleyton: Quero saber se tem alguma coisa na música brasileira que você não curte de forma alguma.

Mônica: Baixaria, palavrões do funk, por exemplo. Não gosto de músicas fúteis, nas quais a arte é anulada, dando lugar apenas ao comércio.

Cleyton: Você se apresentou no Rio de Janeiro e atualmente está cantando onde?

Mônica: Me apresentei durante quatro meses em alguns bares da Barra da Tijuca, no Rio. Atualmente canto com a banda Trivolve todas as quartas no Empório São Francisco, em Curitiba. Também faço parte da Banda Nega Fulô (disco funk dos anos 70, sou vocal e back vocal), e com ela viajamos para várias cidades do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e outros estados do Brasil.

Cleyton: Vc se intitula na bio do twitter ''atriz amadora'', qual sua relação com essa profissão?

Mônica: Participei de um grupo de teatro amador de 2000 a 2004. Gostaria de voltar a estudar essa arte, tenho vontade mas não encontro tempo livre.E além disso, cada canção que canto é um texto diferente que tenho que interpretar.

Cleyton: Misturando as duas artes,... gostaria de fazer um musical? Se já fez, conte-nos sobre.

Mônica: Adoraria fazer um musical SIM! Tenho muita vontade!!! Quero estudar teatro, preciso estudar e praticar expressão corporal (pouco desenvolvida por mim).

Cleyton: Com relação a dança, vc gosta de dançar? Pratica alguma?

Mônica: Não tenho intimidade ainda com dança. Me sinto tímida corporalmente. Estou aprendendo coreografias bem simples agora na banda Nega Fulô, pois a outra cantora (Thais Lopes) ama dançar e está me ensinando alguns passos. Quem sabe tem uma dançarina enrustida dentro de mim que eu ainda não encontrei. (risos)



Fico muito grato pela entrevista, lhe desejo sucesso e espero assistir algum show seu pelo Rio e, com certeza ser sempre mais um 'viewer' na TwitCam. Cleyton Brayt

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